Reportagem do Fantástico mostra que propina da Cimed pela venda da Lavitan inclui, além de comissão, a oferta de prêmios como viagem à Disney aos gerentes e atendentes das farmácias que batem as metas de venda do produto.
A Cimed é muito generosa com as farmácias, farmacêuticos e balconistas que compactuam com a política da empurroterapia e favorecem a venda de beós como a Lavitan. Prova disso é que além das generosas propinas em dinheiro (que vai da comissão de 10% ao pagamento de bônus que varia de R$ 4 a R$ 10 por cada unidade de Lavitan vendida), a CIMED também premia balconistas e farmacêuticos que batem as metas de venda do beó com viagem à Disney.
A reportagem do programa Fantástico que foi ao ar em 2017 mostra que uma atendente de farmácia de São Paulo recebeu uma viagem à Disney como prêmio por bater a meta de venda da vitamina Lavitan da Cimed na farmácia em que trabalhava. No entanto, a premiação pela empurroterapia do beó acabou com processo na justiça.

Conforme mostra a reportagem, o proprietário da farmácia cresceu o olho na gorda premiação da Cimed e demitiu a balconista por justa causa antes da data prevista para a viagem gratuita à Disney. Conforme consta nos autos do processo, o dono da farmácia alega que “a circunstância (a demissão da funcionária) impediria a ex-funcionária de receber a concessão do prêmio já que não pertencia mais ao quadro de funcionários.
Porém, a balconista-bate-meta na venda da Lavitan ganhou o processo e a farmácia foi condenada a pagar indenização de R$ 5.060 por dano material e de R$ 16.068 por dano moral. Ou seja, no final quem perdeu mesmo foram os clientes da farmácia que —vítimas do ardil dos balconistas e farmacêuticos— foram feitos de otários e consumiram a farinha chinesa empurrada como vitamina excelente.
Ainda onforme o depoimento da balconista no processo trabalhista iniciado em 2017, “O prêmio da Cimed era destinado à farmácia que mais vendesse a vitamina Lavitan, que a filial 70 (onde a depoente trabalhava) foi a loja da rede que mais vendeu o produto, e como a depoente foi a atendente que mais vendeu a Lavitan na farmácia em que trabalhava então seria a premiada pela Cimed com a viagem à Disney”.
Empurroterapia de vitaminas é crime
Segundo as leis da Anvisa e do Código de Defesa do Consumidor, a empurroterapia de vitamina —disseminada nos balcões de farmácias de todo o Brasil— é uma prática criminosa que deve ser denunciada e punida pois não é honesto trocar ou favorecer a venda de medicamentos sem a real necessidade do consumidor. A prática só acontece porque balconistas e farmacêuticos querem receber a bonificação pela venda do produto e utilizam técnicas de persuasão para manipular a decisão do cliente ou do paciente que recorre à farmácia para a dispensação da receita e muitas vezes acabam tendo o produto trocado. Ou seja, o mau profissional objetiva bater as metas de venda para ganhar a comissão ou vantajosos prêmios —como os ofertados pela Cimed— em detrimento dos benefícios para os consumidores.
Beós abarrotam as prateleiras das farmácias graças à bonificação e prêmios
